Tradutor: NeroZM
/ Revisor: Antônio
A adaga estava apenas a centímetros da sua cabeça, pois o
ladrão atacou de cima com a intenção de matá-lo com um só golpe.
Sem pensar, Daneel deu um murro na nova trajetória mostrada
pelo Display que comprou anteriormente. A trajetória conduziu a um ponto
específico no braço do ladrão, perto do cotovelo.
N/T: Display seria basicamente um visor equipado na cabeça.
Com centímetros de sobra, a mão do ladrão foi empurrada para
cima violentamente enquanto seu cotovelo se partia, fazendo-o uivar de dor.
Isto despertou o pai de Daneel que correu para a sala de estar.
Só demorando um segundo para compreender a situação, Robert
rapidamente colocou o ladrão que estava curvado, uivando de dor, em um
mata-leão. Depois de um pouco de luta, o ladrão desmaiou.
[Missão bem sucedida. 20 Pontos de experiência atribuídos.
5% Progressão de nível atribuído.
*Ding*
O seu empréstimo foi reembolsado! Obrigado por ter feito
operações bancárias com o sistema!]
Nunca, nem nos seus sonhos mais loucos, Daneel pensou que se
tornaria escravo de um sistema que exigia juros após juros. De agora em diante,
ele jurou nunca mais aceitar um empréstimo. Qual é, afinal, a razão por detrás
disto? Este sistema continuava a se gabar de que faria dele o dominado do
mundo, mas neste momento o único a ser dominado era ele, pela taxa de juro
tenebrosa.
Daneel pensou um seriamente sobre isto, meio que querendo
uma resposta. Assim, o sistema respondeu:
[O sistema gostaria de informar ao hospedeiro que recursos
como Pontos de experiência e Progressão de nível só podem ser dados pelo
sistema quando o hospedeiro os tiver merecido. O sistema só é capaz de
extraí-los de missões concluídas. Isto se deve aos princípios avançados de
extração de energia de múltiplas frequências implantado no sistema.
O sistema de empréstimo foi implementado pelo criador do
sistema para ajudar os hospedeiros fracos. Uma pequena quantidade de energia
remanescente está presente no sistema para emergências. No entanto, foram
estabelecidos parâmetros relativos à utilização desta energia. Isto se destina
a impedir que os hospedeiros ganham em demasiado de graça e a incentivá-los a
terminar as missões e a alcançar os seus objetivos. Daí a taxa de juro.]
A Daneel não esperava que o sistema desse qualquer resposta.
"Filho? Filho! Eles bateram-te na cabeça? Porque é que
estás atordoado?"
Ele sentiu o pai balança os seus ombros enquanto acordava do
transe em que tinha entrado ao ouvir o sistema. Assim, não teve tempo para analisar
a resposta do sistema, com o pai olhando para ele com um olhar preocupado no
rosto.
"Não, pai, eu estou bem. Só fiquei um pouco chocado com
o quão brusco foi tudo isto. O que fazemos com estes dois?", perguntou
ele, movendo-se contra os ladrões.
"Vá e chame o Benny. Estes ladrões devem ter cabeça a
prémio. Devido ao nosso status, se passarmos os bandidos para mais alguém, eles
apenas comeriam a recompensa em vez de a darem a nós.", disse ele,
suspirando.
Tinham havido múltiplos casos em que os guardas ou os
vendedores da cidade os tinham enganado, pois não havia ninguém para quem eles
podiam pedir justiça. Tal era a depravação dos que tinham essa marca. Só podiam
calar a boca e tentar não serem enganados de novo.
Situações como esta fizeram dos amigos da família um
verdadeiro tesouro cada vez maior. Benny era um grande amigo. Ele era um
policial encarregado de patrulhar os bairros de lata que simpatizavam com a
família Anivron e os ajudava como podia porque sabia a verdadeira razão pela
qual Robert foi expulso. Daneel tinha boas recordações desse tio Benny trazendo
comida saborosa ou doces quando ele estava faminto.
"Além disso, como conseguiu derrubar o primeiro ladrão
e fazer o segundo ladrão dobrar-se com dor?"
"Hehe, instintos. Acabei de ouvi-los bisbilhotar e
queria impedi-los. Vou buscar o tio Benny.", disse ele, dando outra
desculpa podre e fugindo das mãos do seu pai.
Os olhos de Robert seguiram Daneel por trás com um olhar
desconfiado. Algo tinha mudado no seu filho.
Decidido a chegar ao fundo da questão mais tarde,
apressou-se a amarrar os dois ladrões antes de acordarem.
O tio Benny chegou em poucos minutos e ficou chocado ao ver
os dois ladrões amarrados. Estes eram alguns dos ladrões mais notórios que
aterrorizavam a cidade externa. Eles tinham feito recentemente um assalto de
alto nível e pensava-se que tinham deixado a cidade. Ao pensar que seriam
apanhados nos bairros de lata, o Comandante certamente ficaria chocado.
Havia uma grande recompensa na cabeça dos ladrões que iria
realmente ajudar esta família. Ele prometeu receber todo o dinheiro e
entregá-lo, dizendo aos seus superiores que outra pessoa os tinha conseguido
apanhar.
Com tudo tratado, os dois voltaram a dormir.
Na manhã seguinte, Daneel despertou ao som do galo a cantar.
Ainda estava um pouco escuro lá fora, mas ele não conseguia voltar a dormir.
Como sempre fez, ele ajudou a mãe e o pai com as tarefas até
o sol nascer completamente. Depois, a mãe foi trabalhar e o pai foi conversar
com alguns amigos pelos bairros de lata.
Livre, Daneel deixou sua casa para procurar a biblioteca.
A biblioteca da cidade foi um dos edifícios mais proeminentes
da cidade. Construída numa ampla área aberta, com cúpulas altas e rica obra de
alvenaria, era um verdadeiro espetáculo a contemplar. Lembrava-lhe a famosa
Casa Branca na terra. Só que o material era amarelo, em vez de branco.
Daneel subiu com entusiasmo os degraus que levavam à porta
antes que um letreiro nas proximidades perfurasse completamente a sua
excitação.
"Preço de entrada: 10 Lans de Prata".
Lan era a moeda oficial de Lanthanor. 100 Lans de bronze
fizeram 1 Lan de prata e 100 Lans de prata fizeram 1 Lan de Ouro.
10 Lans de bronze era a quantidade necessária para que uma
pessoa típica comesse a comida mais simples por um dia. E esta maldita
biblioteca precisava de cem vezes isso?
Não havia maneira dele poder trazer tanto dinheiro com a
condição financeira da sua família. Daneel só conseguia arrancar o cabelo de
frustração quando se perguntava o que fazer.
Sem qualquer outra opção disponível, ele prosseguiu para o
seu regresso a casa.
Assim que chegou à casa, o tio Benny estava entregando uma
pequena bolsa ao seu pai.
"É uma pena, Robert. A má sorte parece te perseguir.
Estes dois realmente conseguiram um assalto de grande visibilidade apenas um
dia antes de serem apanhados em sua casa. Esses itens ainda não foram
encontrados. Os burocratas ainda estavam a decidir a revisão da recompensa. Se
eu soubesse disso, teria escondido os bandidos antes de entregá-los.
Infelizmente, agora só podíamos obter 1 Lan de ouro por cada um. Mesmo assim, é
uma soma bastante elevada. Se cuide, Robert. Pense em mandar o Daneel para
algumas aulas de luta. Se o que disse é verdade e ele derrubou um ladrão
sozinho, ele deve ter um grande talento."
Ele foi embora depois de ter desgrenhado um pouco o cabelo
do Daneel e dizer olá.
A visão de Daneel foi fixa na Lan dourada. Este era o seu
bilhete para a biblioteca.
"Pai, preciso de 10 Lans prateados.", ele
disparou.
Ao ouvir isto, o pai dele só conseguia olhá-lo fixamente.
Até à data, Daneel tinha sido sempre a criança obediente que nunca pedia nada
aos seus pais.
"Para quê?", perguntou ele, com um rosto paciente.
Daneel decidiu dizer a verdade. Desde criança, sempre se
interessou pela leitura. Os seus pais tinham ensinado as palavras e as letras
para ele e ainda se gabavam dele ter aprendido tudo num espaço de tempo muito
curto.
"Eu quero ir à biblioteca, pai. Quero ler tudo de lá e
decidir o que quero ser no futuro. Por favor, pai? Posso ir?"
Robert suspirou enquanto via o seu filho a pôr os olhos de
cachorrinho, numa tentativa de o convencer.
"Muito bem. Lembra-te, tu decides a tua própria vida,
filho. Tenha cuidado lá fora."
No passado, esta quantia não teria sido nada. Agora, eles
tinham de procurar por cada pedacinho. Até ele desejava que o seu filho
aprendesse sobre o mundo. Ele não queria que ele fosse um caipira que seria
ridicularizado por não saber nada.
Acima de tudo, ele desejava que ele tivesse um futuro
brilhante.
"Vou trocar o dinheiro. Espera aqui.", ao dizer
isso, ele saiu de casa.
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