Capítulo 01
HUMANOS X SISTEMA

Autor: Cueio

Revisor: Aiko-maru




 Ainda no amanhecer, era possível ouvir o som do forte vento que cortava os prédios destruídos e malcuidados daquela cidade. Entre esses edifícios haviam pessoas… pessoas? Elas que tem tanta sede de sangue, realmente podem ser chamadas disso?

 


- EI! Acorde! Nós não temos o dia todo! – Gritou a voz que veio do rádio na parte próxima ao teto do canto do quarto.


 Esse lugar é o aposento de Kytes, composto apenas por uma cama e uma privada, ele é totalmente branco com um vidro camuflado separando dois cômodos: o primeiro é o lar de Kytes, enquanto o segundo é a ala de observação de onde os cientistas o observam.


 Esse lugar ao todo, é nada mais que um laboratório de cobaias humanas, onde foram internadas trinta mil pessoas, Kytes, o experimento vinte dois mil e três, é o último vivo. Torturado dia após dia pelos cientistas que procuram a fonte de seu poder, ele sempre leva a coisas para o lado do humor, o que faz muitos considerarem que ele é um completo imbecil.


 Kytes estava jogado no chão ao lado da cama, deitado como um idiota, encarando o teto, ele se sentou e fez um sinal de beleza para os cientistas – estes que eram um homem e uma mulher – Kytes não conseguia ver detalhadamente graças àquele vidro especial o qual humanos comuns não conseguem ver através.


 A mulher vestia um jaleco e um short branco e chupava um pirulito. Ela se chama Corlin, curiosamente, seu papel é de torturadora e cuidadora de Kytes. O homem ao seu lado vestia um jaleco e calça branca.


 Kytes usava uma blusa manga larga e uma calça, ambas laranjas, semelhante a uma roupa de prisioneiro dos E.U.A; seu corpo tem porte médio e foi bem treinado, tendo 179 centímetros de altura, ele tem olhos e cabelos negros.


- Espera! Ele fez o sinal exatamente para nós?! Ele consegue nos ver?!


 Quem disse foi o cientista que deu um passo para trás hesitando de medo.


- É mesmo, não te falei né?! Já faz algum tempo que ele consegue fazer isso.


 A cientista havia respondido indiferente, sem desviar o olhar de Kytes. Ela se inclinou para falar em um microfone, que estava na mesa a frente dela, enquanto segurava seus longos cabelos pretos de lado para que eles não caíssem em seu rosto.


- O que você prefere: choque ou cobaia?! – Soou a voz de Corlin no rádio.


O que se passa na mente de alguém para fazer uma pergunta dessas?” Pensou Kytes, antes de se levantar e responder com um sorriso de lado:


- Manda os dois em dobro para nós!


 Diante de Kytes, a parede se recolheu, como um portão automático, caminhando veio duas feras, semelhantes a leões, a diferença, era que suas patas eram grossas como pedras e elas tinham dois chifres de cor escarlate fortes como prata. Ambas vieram, e com seus olhos afiados pedindo por sangue encararam Kytes.


- Só para constar, o chifre dessas bestas dá um choque de 150,000V.


 Corlin havia confirmado uma das maiores preocupações de Kytes.


- Oh shit…


 Ainda enquanto Kytes falava, umas das feras começou a correr em disparada na direção de Kytes, com a cabeça baixa para chifrá-lo; o corpo musculoso e pesado da fera destruía qualquer chance de jogá-lo para cima e sua velocidade não deixaria com que Kytes fugisse, mas se ele fugisse, do que adiantaria? Só estaria adiando o inevitável.


 Kytes percebendo a situação, tomou uma posição de defesa e esperou a fera que vinha rapidamente, antes da colisão, Kytes o segurou pelo chifre o fazendo frear; ao perceber tal ousadia do humano, os olhos da fera ficaram com um imenso ódio, ela no mesmo momento ativou os seus chifres, para dar o choque em Kytes, consequentemente, seus chifres se tornaram azul, e podia se ver as veias da fera que agora eram azuis brilhantes.


 O choque começou a passar para a mão de Kytes, e assim que ele foi ferido, modificou seu corpo para se tornar uma espécie de gerador elétrico. Ele puxou a energia para um local especifico de seu corpo, onde a multiplicou e a devolveu várias vezes mais forte.


- HAHAHA! EU SOU O SUPER SHOCK CUZÃO!


 Kytes gritou enquanto ria alto, com o rosto cheio de alegria e prazer. Pouco tempo depois, a energia da besta começou a conflitar dentro de seu corpo, graças a eletricidade indo e vido, até que a energia que ia e vinha no corpo do monstro se colidissem, nesse momento, a fera explodiu de dentro para fora, fazendo um alto barulho.


 Foi possível ver pedaços de carne voando. Quando Kytes foi rapidamente até a outra fera, que estava distraída graças ao som de explosão. Ele foi para o lado do ser, onde colocou a palma de sua mão e soltou uma descarga que energia que ainda permanecia em seu corpo.


Merda! Não vai funcionar!” Pensou Kytes tenso ao notar que a energia descarregada por ele estava sendo absorvida e não seria o suficiente para matar a fera.


 Ao perceber isso, ele fez duas correntes controversas se encontrarem na palma de sua mão, assim criando uma explosão que matou o monstro, mas que eventualmente o jogou até a parede, desmaiado e com grandes feridas.


- Ele morreu? – Perguntou o cientista do outro lado do vidro.


- “Acho que sim…”


 Respondeu Corlin sem hesitar.


 Olhando mais atentamente, percebia-se que Kytes estava com queimaduras graves e grandes feridas pelo corpo, seu uniforme havia sido totalmente rasgado e totalmente transformado em trapos. A sala que era branca, agora está totalmente suja de sangue e de pedaços de carne dos animais. O silêncio calmo que agora predomina é estranho se comparado a grande barulheira de alguns segundos atrás.


- “EI! EU NÃO MORRI SEUS CORNOS!”


 A calmaria logo foi quebrada com esse grito, era Kytes, que estava de pé e apontando para os cientistas; suas feridas estavam se curando em uma velocidade anormal, considerando que agora só há alguns pequenos arranhões.


- “Mais uma para lista de falhas!”

 

De manhã do mesmo dia:


- “Você quer tentar algo novo?”


- “Sim.”


 Aqueles que conversam por telefone eram Corlin e seu chefe, ou deveriam, já que ela estava conversando com um impostor, um clone a mando de Kytes.


- “Resumindo, você quer que eu o leve para fora da cela?”


- “Foi o que eu disse não? Se tudo der certo, ele soltara a preciosa energia que precisamos para a ‘Zettai Hakai’.”


- “Se esse é o plano do chefe, não tenho nada contra, mas não me culpe depois.”


 Ela desligou o celular e deu um longo suspiro…

 

Voltando ao presente:


 Corlin saiu da sala e foi até o corredor ao lado, nesse momento, Kytes tentava se limpar do sangue em seu corpo, foi nesse cenário que algo incomum veio a acontecer; a porta de onde as feras vieram, se abriu novamente, Kytes se assustou, e tomou uma postura de ataque.


Outro?” Ele pensou, mas o que veio de lá foi um pouco diferente. 


 Uma mulher veio andando com as mãos no bolso do jaleco e com um pirulito em sua boca. Vindo com um andar imponente, seu olhar era despreocupado e desprovido de sentimentos.


 Essa moça é Corlin; sua aparência é exuberante, com longos cabelos negros e olhos marrons claro, sua pele branca realça sua beleza, junto de seu corpo esbelto, que parecia ter sido a melhor obra de um artista, seus seios são majestosos e belos, ela ainda vestia um short branco que cabia corretamente em seu belo traseiro este que atraia o olhar de qualquer homem; no short havia algumas escritas japonesas que Kytes foi capaz de traduzir graças ao seu vasto conhecimento.


A vida não consegue te derrubar se você estiver deitado!


 Ela veio caminhando até Kytes.


- “Yo! Você quer dar um rolê?”


 Ela disse, e em resposta, Kytes hesitou por um instante.


- “Ai depende, nós vamos para aonde?”


- “Você quer dar uma passeada na cidade?”


- “Na verdade, eu prefiro passear pelo seu corpo.”


 Ele havia dito com um tom de zoeira e com um sorriso meio de lado. Sim, foi apenas zoeira… apenas zoeira…


- “Então você não quer sair desse lugar?!”


- “Eu nunca disse isso aí.”


- “Então você vem?”


- “Sim, sim.”


 Os dois começaram a andar até a saída, com Corlin na dianteira, mas antes de chegarem lá, o cientista do outro lado fechou a porta.


- “Desculpe ‘Crazy Princes’, mas não posso deixá-la sair com essa cobaia.”


 Ainda enquanto a voz soava do rádio, Corlin observou com repulsa onde fica o vidro.